Um filme canadiano que gostei imenso, com uma trama densa.
Com a morte de Nawal e a leitura do seu testamento aos seus filhos gémeos, são feitas veladamente revelações e atribuída uma missão a cada um deles. Neste início, deparamos-nos com uma relação conturbada com esta mãe,principalmente pelo seu filho que rejeita por completo o pedido por esta, assumindo o seu sentimento de liberdade com a sua morte.
Neste começo somos obrigados a reflectir sobre a nossa primeira relação, com os nossos pais, que nos pode marcar profundamente. Cabe a cada um de nós processar este sentimento, da melhor forma que nos for possível e não o utilizar como desculpa para todo o nosso comportamento futuro. Para a nossa atitude perante a vida, perante os outros. Não é desculpa para a nossa violência, para a nossa dureza, para a nossa não entrega. Antes sim, um sinal de fraqueza, de escolha do caminho mais fácil de se percorrer.
Neste filme a base são as relações familiares fortes, aproveitando-se o conflito palestiniano. As grandes divergências que as religiões trazem consigo e o assumir de actos em seu nome, que de nada estão na base da sua mensagem.
É neste cenário, que nos é apresentada a história de Nawal e a sua promessa de reencontrar o seu filho primogénito, que se acaba por perder pelos meandros deste conflito. O reencontro dá-se anos mais tarde, através da figura tortuosa de alguém.
Por mais destrutiva que seja uma verdade, até que ponto pode ser libertadora?
Neste caso, esta liberdade veio com um travo agri-doce, que acaba por desvendar uma pessoa e o seu percurso.
Um filme que recomendo, com uma narrativa crua, sem cair no piegas e sem idealizar nenhuma das facções.
Um filme marcadamente humano.
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